31 de mar. de 2011

Preguiça, Dúvidas e Sono.

*Preguiça

Bom, cansei de escrever textos longos, e fui aconselhado para não escrever, e depois de ouvir algumas pessoas dizendo que não iriam visitar um blog e ler um texto imenso, não vou me alongar em textos, só vou escrever no máximo por partes, a não ser que o post seja muito interessante. Você pode achar que é preguiça, mas você aí não vai entrar em um blog com páginas e páginas de texto, nem que seja sobre o futuro. Tanto é verdade que o TWITTER explica bem o que estou dizendo! 140 caracteres, bem dinâmico e repleto de usuários... É isso e acabou!


*Dúvidas

O ano começa, pessoas novas, reencontros fulminantes e o MSN cheio de novos contatos. Nem preciso dizer que nem tudo é o que parece. Você percebe um olhar e acha que não é só um olhar, recebe um abraço mais longo, não é apenas um abraço. E fica nesse impasse. Com vontade de perguntar, mas com medo de levar um fora e nunca mais ser a mesma coisa entre você e essa pessoa, ou pergunta e vê no que dá, mas sempre é um mal-intendido. Você segue em frente, conhece outra pessoa, e vai ficando na sua, nada acontece, essa pessoa não se mostra muito interessada no "que ela não sabe que você quer" . Você caça, procura, cava, observa e um dia ACHA!


*Sono

Durante as férias, tudo é uma maravilha! Sem preocupações, SEM ESCOLA (OU TRABALHO- SE VOCÊ TIVER UM), viagem, festas, baladas, e o principal: NÃO TER HORA PARA DORMIR!
É excelente! Ainda mais se estuda durante a manhã. Fica o dia inteiro na internet, na televisão, no videogame, e nem se importa com o amanhã. Mas é importante dormir, aliás, é FUNDAMENTAL DORMIR!

MAS BOA PARTE DOS JOVENS NÃO DÃO A MÍNIMA PARA ISSO!

IGUAL A MIM!


Mas seu corpo é algo sensacional. Ele vai cobrar de você toda essa farra, você geralmente vai dormir às 22h para acordar às 6h da manhã, e a partir do momento em que as aulas acabam, ficamos acordados até às 4h da manhã, acordamos na hora de começar Globo Esporte, Record Notícias ou Acesso MTV (talvez você não assista esportes ou notícias, ou informações sobre música) e quer tomar café, enquanto seus pais já estão preparando o almoço, e você ainda teima pelo pão e a bolacha matinal.

 E continua nessa trama, dorme tarde, acorda tarde. Mas a parte legal começa na volta às aulas:

DE ONDE VÊM ESSE SONO?

O seu corpo está cobrando a dívida! O que faz? Dorme durante a tarde. E é aquela soneca estranha, aquela que você dorme por 45 minutos mas parece que dormiu por 4 horas! Ao acordar, parece que está um outra sintonia, que tudo aconteceu enquanto você estava dormindo. Isso acontece com você? Imaginei que não, sabia que era só comigo. #loucoquesópostamerdanoseublog.

É engraçado! E depois de algum tempo, tudo volta ao normal, pode levar meses, mas volta. E aquela sensação de odiar acordar cedo nunca some...

                                                                     Comentem!

19 de mar. de 2011

Contos Para Distrair - OUTRA PESSOA A CADA MANHÃ - Pt. 1

Começarei hoje a minha sessão de contos, que desenvolvi no ano passado. O conto inicial será "OUTRA PESSOA A CADA MANHÃ",  que ficou um pouco mais longo do que planejei, então será dividido em 2 partes. 


Boa leitura!











Outra Pessoa a Cada Manhã


Qual é o seu maior medo? Morrer? Se morrer é o seu maior medo, de qual jeito você não gostaria de morrer? Assassinado, causas naturais, ou ao acaso.
Mas não sou um “dilacerador de carne humana em excesso”, sou muito mais do que você pode imaginar. E até eu decidir dizer quem eu sou, e o que eu faço para você, nunca encontrei alguém que me fez perder a vontade de sentir meu desejo inconsumável de dor alheia, de destruir qualquer tipo de esperança humana.
Não vou revelar meu nome para você, pois posso ser seu vizinho (a), seu irmão (a), sue colega de trabalho/escola ou até mesmo um dos seus pais – por que pensar que sou um homem? Por ser um assassino? Eu sei que eles são muitos machistas e pensam que mulheres não têm capacidade de causar dor e os piores sentimentos humanos já vistos, mas eles não viram nada. Existo desde o surgimento da humanidade, já vi coisas que não vou entender nunca, vi as melhores coisas que se podem imaginar, quando o terror estava instaurado, nenhuma lágrima caiu, vi que de repente, de “primatas”, vocês evoluíram para algo inacreditável, uma vez que, o fogo e a roda foram grandes invenções há milhares de anos atrás, hoje, estão estudando a possibilidade de voltar no tempo. Se eu tivesse a oportunidade do mesmo, não faria nada diferente, arrependimento não cabe a mim.

Pequeno curto bloco nesse melodrama:

                         Gosto de falar, falo tanto que não cheguei ao meu ponto principal - ELA.
E ela chegou, e fez minha vida mudar drasticamente, seu nome é KELLY e provavelmente já deve estar me denunciando para a polícia local.

O que mais odeio nisso tudo?
Compaixão

Não posso negar, ela fora a mais perfeita “obra” que havia visto em toda minha significante existência. Seus cabelos castanhos, seus olhos verdes, sua boca rosa, tão rosa, pele tão linda que EU senti que seria um erro explorá-la, uma voz aveludada, seu sorriso demonstrava inocência, e que não vivia no mesmo mundo que você vive, onde há guerras, violência, poluição, ASSASSINATOS A SANGUE FRIO, e outras coisas mais que faz qualquer um ODIAR ESTE PLANETA. Mas eu precisava daquele corpo, daquela garota, mas nunca pensei que eu fosse sucumbir ao sentimento que mais odeio: amor.
Na semana passada, conheci um homem chamado Saulo, 32 anos, futuro promissor no emprego, cheio de sonhos com sua esposa que estava grávida, eu o vi na loja de móveis, comprando um berço para seu filho Daniel e seu rosto expressava tanta felicidade que não sei descrever o quanto seria matar somente ele, eu tinha que conhecer-lo. O primeiro passo era segui-lo, quando o fiz, sua esposa Luciana, abriu a porta para deixar o berço e o feliz pai entrarem, sua casa era humilde, mas promissora, então, esperei até o anoitecer, entrar naquela casa foi uma das coisas mais fáceis que já fiz, (e olha que já fiz muita coisa) o muro tinha mais ou menos um metro, ou até menos, parecia que tinha acabado de ser construído, nenhum cachorro ou vizinho intrometido ficaram no meu caminho, a janela estava totalmente aberta, em função do calor infernal que fazia naquele dia.

Uma breve nota importante:
Quando acho minhas vítimas, (que pode ser em qualquer lugar) eu vejo o que é realmente matar a vítima, destruir o espírito de um homem é realmente o destruir. Egoístas morrem insignificantemente.


O que levar em missões externas?

Qualquer coisa que cause dano à pessoa (as) em questão. Qualquer coisa mesmo. De uma faca até uma bomba atômica.

Trouxe comigo três tipos de facas, para desfiar peixe, cortar mato, e para sobrevivência em todas as circunstâncias, peguei a peixeira, bem afiada e rápida, à medida que fui me aproximando, pensei o que eu faria se eu fosse a vítima, refleti sobre o que geralmente as pessoas dizem, para se por no lugar das pessoas que você causa algum efeito, toda essa baboseira não me faz ter nenhuma consciência do que causo para os outros, consciência e inteligência, tenho, e isso não me falta, mas humanidade? Faça me rir!
Aproximei-me de Luciana e de Daniel, (é um favor que eu lhe faço, não venha para esse mundo podre e sem limites, a dor que sentirá agora, nem se compara ao que você iria sentir se vivesse uma vida inteira na Terra) com minha faca, acertei quatro golpes na barriga de sete meses de Luciana, quando acordou, ela não sabia o que fazer; se gritava de dor, chamava o Saulo ou se iria se preocupar com seu filho. Pensou totalmente diferente, tentou olhar para o meu rosto, mas fui objetivo, fiz o que eu tinha que fazer e fui embora. Ela acordou na quarta facada, o único ponto negativo, aliás, foi dois, o pai não ter acordado a tempo e ver sua cama toda ensanguentada, e eu ter sujado meu casaco.
Quando entrei no carro e saí lentamente para não causar suspeitas, repentinamente, comecei a rir, rir descontroladamente, acho que foi pelo fato de acabar com a felicidade de Saulo e matar o Daniel, e talvez até a Luciana, uma recompensa imensurável.

No dia que conheci Kelly, decidi ir a um lugar diferente, que nunca havia experimentado antes, uma “balada” como dizem, e no caminho, passei por vários lugares, vários lugares em que eu mudei a vida de várias pessoas, inverti a ordem natural das coisas (ou não), causei dor e tristeza para seus entes queridos. Chegando lá, tentei me enturmar, consegui muito rápido, e até achei estranho, como se não fosse eu, aliás, isso acontece várias vezes, eu me adapto como extrema facilidade ao que quero, sei os pontos fracos destas pessoas, sei o que fazem como fazem, e depois esqueço como se nada tivesse acontecido. Convencer Kelly foi muito fácil, disse qualquer besteira e pelo grau de bebidas que ela tinha ingerido, achei que estava tudo nos planos.
Ao chegar em casa, muito bonita por sinal, a convidei para conhecer a minha coleção de alces empalhados, que nem me lembro de ter caçado, e ela se impressionou bastante. A mostrei ao resto da casa, e não me lembro de ter dor nas pernas há tempos, andei tanto por esta casa que nem sei a saída. Kelly vomitou no meu carpete, fiquei irritado, ela quase percebeu a minha verdadeira intenção, pois, disparei:

-Ainda bem que será a última vez que fará isso!
Ela só não desconfiou mais porque não sabia nem o que era esquerda e direita naquele momento...
Vi que existia um porão, e na escada de acesso, vi que meu porte físico tinha mudado drasticamente, da última vez que me vi no espelho, era baixo, meio corcova e faltava o dente canino, agora sou loiro, alto e musculoso, talvez seja por isso que Kelly tenha sido convencida por mim a vir para cá.
No porão, lhe ofereci uma bebida, fácil, aceitou e ao mesmo tempo desmaiou, a peguei e a levei para a mesa mais próxima, e fui procurar minhas facas... Só que eu não as achava de jeito nenhum, talvez eu as tenha jogado em algum mato após matar Luciana e Da.. Danilo? Davi? Deivid...?


O que está acontecendo? Minha cabeça não para de doer, minha pele transpira como um dia no sol e queima como se existisse uma bomba dentro de mim. Estou vendo tudo turvo agora, minhas mãos tremem como um terremoto devastador, tusso como se estivesse prestes a cuspir meu pulmão para fora. Acho que não vou conseguir.

Como posso pensar assim? Nunca deixei de fazer algo que é de minha natureza, como o Leão, rei da floresta, que é de sua natureza ser o grande predador, das abelhas polinizar as plantas...
QUE PORRA ESTÁ ACONTECENDO?

Pode ser tudo, menos o que mais desprezo: amor, compaixão. Não, não, não! Eu sabia, após todos esses milhares de anos com esses animais que não se respeitam, eu sentiria por alguém o mesmo que eles sentem por si mesmos, se eles fossem o que foi planejado para eles serem, eu não existiria, aliás, quem sou eu? O que sou eu?
 Tenho medo desta pergunta retórica me mostrar que sou algo cheio de dúvidas, e de perguntas. Se nesta história era para contar quem eu sou, vocês se decepcionarão, pois nem eu sei.
Será que somente Kelly após todos estes anos me fez sentir o desejo de ter sua boca tocando a minha? Dos seus olhos fitando os meus, do seu cabelo fazendo charme para mim? De sua voz fina e melódica dizer: - Eu te amo, ­ _ ­­_ _ _ __.

Eu nem sei o meu nome.

Se ela acordar e sair correndo, não me importa, não quero causar mal a mais ninguém, se antes disse que se pudesse voltar no tempo não faria nada diferente. Enganei-me, eu iria voltar ao momento em que eu surgi (é difícil acreditar que tive pais) e deixar de existir, meu Deus. Com quantas vidas destruí? Com quantas esperanças acabei? me poupe deste sofrimento, as vozes de clemência não param de ecoar em minha cabeça, faça-os parar! Faça-os parar! Eu não quero ter que acordar e entender que tenho que viver mais arrependido do que estou. O que posso fazer? Diz-me! Diz-me! Diga-me agora, que largo tudo e irei fazer. Mostre-me ao menos o que sou. Não vou machucar Kelly!






Tudo ao meu redor é verde, não há vento, nem vozes, meu arrependimento parece inferior comparado ao lugar que estou. Não vejo nada, só sinto, não tem Kelly, Luciana, Daniel, Saulo, e tantos outros. Não sou mais o loiro atlético. Aqui não há espelho, mas eu percebo. Não existe aquele brilho anterior, aquela confiança que exaltava por todos os cantos, só há os meus pensamentos e um pedaço de carne para apenas constar que estou aqui. Uma luz forte ofusca minha visão, acho que tenho que segui-la. Eu queria saber sobre as minhas preces, se por causa delas estou aqui, se fui ofensivo. Eu só queria saber o que eu sou. Dê-me uma dica, só uma. Qualquer que seja a resposta sei que ficarei magoado, o que eu fiz não tem escapatória, vou arcar com as responsabilidades. Aqui estou eu, me entregando, mas antes quero saber o que sou. Por favor!



AGORA TUDO FAZ SENTIDO.

SOU O PIOR DOS SENTIMENTOS HUMANOS, SOU O ÓDIO MISTURADO COM A INVEJA, SOU O PRECONCEITO, SOU A DESCRENÇA, SOU O DESRESPEITO.
APAREÇO NAS HORAS MAIS INGRATAS DE UM HOMEM, QUANDO ELE SÓ QUER A DESTRUÍÇÃO DO SEU SEMELHANTE. FUI O HITLER, FUI OS PIORES GENOCÍDAS DE TODOS OS TEMPOS, FUI O INCÔMODO, FUI A MENTIRA, A ENGANAÇÃO, O SEM CORAÇÃO, O CORRUPTO, A VONTADE DE CAUSAR DOR EM UM IRMÃO QUE NUNCA FEZ MAL ALGUM. POR ISSO SEMPRE MUDAVA DE FORMA, NÃO LEVAVA TANTAS MEMÓRIAS COMIGO. A DOR HUMANA ME FAZ FICAR FELIZ. MAS NESTE EXATO MOMENTO EM QUE ME DESCOBRI, MOSTRO QUE ATÉ UMA DAS PIORES CRIATURAS EXISTENTES PODE AMAR.



Que dor de cabeça! Sou o loiro atlético outra vez, estou no sofá da sala da casa grande. Tem uma carta na mesa do centro:


“Foi mostrado tudo o que fez. Tudo o que você era, você será para sempre marcado por isso, mas agora, seu desejo se concretizou, abra a janela e veja algo sem ter ódio ao que vê, inspire e respire sem se sentir enjoado com o ar que respira, sorria porque está feliz, não para outros fins, sua paz interior irá crescer, sua consciência irá flutuar, aproveite tudo aquilo que você uma vez já trouxe dor, e ao final disso tudo entenda porque as coisas são do jeito que são”.


Meu corpo doí. Estranho. Nunca soube o que foi isso, talvez fosse um dos motivos que me faziam tão feliz. Ver, mas não saber como era, me deixava mais forte do que nunca. Parece que a punição já começou. Apesar de ter lido a carta, minha visão está turva, não consigo discernir o que é real e o que é fantasia, sinto todas as dores que antes desprezava, mas tudo parece ilusório.
Ouço vozes de crianças do outro lado da rua, as folhas secas cruzando minha visão pela janela. Acho tudo isso muito humano, não queria estes sentimentos, não quero mais sofrimento, não quero mais causar terror, não quero que minha felicidade seja a finalização de outro, não quero coisas normais, rotineiras, mas também não quero ser outra pessoa a cada manhã. Ter o sangue como segunda pele.
Meu telefone toca, é Kelly, não sei por que e nem como ela arranjou meu número, mas para falar a verdade, toda esta situação é estranha.
-Alô?
-Alô, Carlo? Sou eu Kelly

Carlo. Este é o meu nome. De tantos que havia imaginado, este era um que não passava pela minha mente. Mas este é o nome do loiro atlético. Não importa. Ficarei com este, gostei do nome.

-Oi Kelly, como você está?
-Bem, não como eu gostaria, mas eu não te entreguei para a polícia. Eu quero te conhecer melhor.

Como assim ela quer me conhecer? Ela quer se encontrar com o cara que quase a matou? Estou muito indeciso. O que ela quer de mim?

-Por quê?
-Eu sei que não para por aqui. Ao acordar, vi algo inexplicável.  Encontre-me às 7h no centro da cidade, perto do marco zero.
-Tudo bem.

Eu não fazia a menor ideia de como ir ao centro da cidade, mas tinha que dar um jeito. Eu precisava saber do que se tratava.

Como tive medo de me misturar com as pessoas no ônibus, ou perguntando na rua, fui a pé, seguindo orientações da placa. Há uma praça ao lado deste marco zero, fiquei lá, não olhava para ninguém, fixei meu olhar para o chão. Tinha medo de que tudo isso fosse temporário, que meu “talento nato” voltasse com tudo, que eu estivesse sonhando, que eu estivesse no inferno e fosse tudo uma mentira só para me fazer sofrer mais. Fazia muito frio. Eu podia ouvir os velhos conversando, sorrindo, os mais jovens cantando, os beijos de casais apaixonados ao meu lado, crianças fazendo escândalo só para chamar atenção, quando uma mão se apoia em meu ombro:
-Demorei muito?

E lá estava ela, já era quase noite, apesar do frio, dava para ver o sol se pondo, tudo ao redor alaranjado, o vento fazendo seus cabelos ficar em frente ao seu rosto. Eu aceitaria o meu lado humano vendo aquele momento, já que a morte não significa nada mais para mim.

-Não, foi até rápido, acabei de chegar. – Foi a primeira vez que falei com alguém sem querer o fim dela. Gaguejei tanto, que fechei os olhos e imaginei ser uma miragem. Não era.

-Ótimo, vamos conversar.

Na caminhada até um lugar de preferência de Kelly, notei que ela tinha um aroma todo especial, que me prendeu a ela durante todo o caminho, se antes me enojava o cheiro dos “primatas”, hoje, fico fascinado com tanta simplicidade destes seres que antes para mim eram incompreensíveis. Hoje, sinto uma alegria ao ver uma paisagem exuberante, eu nunca dei tanto adjetivos positivos a alguma coisa, acho que nunca havia dado adjetivos positivos a nada.
Kelly sente frio, ela pede o meu casaco. Nunca me pediram nada além de misericórdia, ela estava me pedindo algo, mas era diferente, ela estava pedindo algo sem ter medo, sem condição extrema. Ela só queria meu casaco. Eu a entreguei, já que nunca senti frio, mas como tenho “coisas humanas” em mim, eu posso até sentir minha pele esfriando. Mas não importa. Eu quero o melhor para alguém que eu já quis o mal, é o começo da minha redenção.

- Vamos entrar nesse restaurante. Eu o adoro!

Não sinto fome, estou tão nervoso, que parece que não sinto meus pés andando, meus ouvidos escutando, meus olhos piscando, parece que estou desconectado das coisas. Concordo automaticamente, já estou me adaptando aos costumes gerais.
-Carlo, você deve estar se perguntando o motivo da minha ligação e do meu encontro com você. Vou logo te dizendo, não existe um motivo claro, eu só acordei nesta manhã e senti que você precisava de mim. Como se algo tivesse me dito que você estava perdido e eu fosse seu guia para você se encontrar. Então decidi te procurar, e vejo que a minha intuição não estava errada. Você parece desorientado, sem rumo, se sentindo um inútil. Eu não sei como irei te ajudar, mas aceite minha ajuda, e tudo irá se resolver. Eu sei que tudo vai se resolver.

Meu mundo desabou, ela disse tudo o que eu precisava ouvir. Eu não consigo entender ao certo minha situação, mas vejo muita verdade no que ela diz. Eu não sei se devo ao acordar, perceber os hábitos das pessoas para me adaptar rapidamente, ou fazer tudo do meu jeito. Errando, tropeçando, aprendendo. Como se eu fosse uma criança, mas já adulta, não tendo espaço para erros pela visão dos humanos.

-Assim como você, eu me sinto destroçada também! Para você ver o grau da situação, você tentou me matar ontem! E no dia seguinte, estou falando com você! Se fosse por mim, eu deixaria você arder no inferno, pessoas como você não merecem perdão. Mas alguma coisa segurou minha alma naquela noite, e decidi te ver.

O que ela quer comigo? O que segurou a alma dela? Tenho medo de perguntar, tenho medo de falar, minhas mãos estão tão trêmulas que nem consigo pegar a xícara de café. Vamos lá, já fiz coisas inimagináveis, perguntar algo simples assim não será problema.

-Você realmente quer me ajudar?
-Estou aqui, não estou?
-Mas você mesma disse que não gostaria de estar!
-E, porque será? AH, ME LEMBREI, VOCÊ TENTOU ME MATAR!
-Então, porque está aqui?
-Porque Deus me falou para estar aqui!



                            
                              


                     (FIM DA PRIMEIRA PARTE. EM BREVE - SEGUNDA PARTE)










17 de mar. de 2011

Lançando Canal no Youtube!!!

Sempre gostei de fazer vídeo, e sempre fui viciado em editá-los. Para mim, a edição é fundamental para o vídeo. Você pode fazer um vídeo tosco ficar hilário, ou vice-versa...


http://www.youtube.com/user/thiagodhias?feature=mhum




Acompanhem!

14 de mar. de 2011

Parte Cômica

Bom, rir é o melhor remédio não é? Mesmo não sendo médico ou farmacêutico, tenho os melhores remédios para vocês!!! (Não tenho comércio ilegal, tudo bem pessoal?)

Bom Divertimento!!!!




11 de mar. de 2011

Diário de Um Engessado

Hoje, 11/03, faz um ano que quebrei o meu pulso direito, em "comemoração", fiz um texto relatando esta época "alternativa". Aproveitem e boa leitura!










Diário De Um Engessado

Tudo começou no dia 11 de março de 2010, fui para a escola com dúvidas se haveria aula em função da greve. Quando cheguei lá, fiquei sabendo que não ia ter aula e os professores estavam montando um esquema de som para falar como o governo Serra os tratavam mal, que no próximo ano, já estariam todos desempregados, (nenhuma destas aconteceu) e nos liberaram às 8h, e aí meu amigo... Mas antes de chegar ao clímax, irei contar alguns detalhes:

*Estava jogando truco quando a diretora pegou o baralho e entregou ao meu maior desafeto escolar na época, o professor Jorge, e como o baralho não era meu, prometi a minha amiga Ananda que pagaria outro, já que não iria fazer minha mãe ir lá novamente em menos de um mês de aula, ainda mais para pegar um BARALHO QUE NEM ERA MEU.
*Eu já havia sido chamado na entrada do portão da escola para ir ao Bosque Maia, (uma espécie de Parque do Ibirapuera de Guarulhos, com todas as proporções possíveis) mas decidi ficar mais um pouco com receio de dar algum problema futuro...
* Eu cheguei a pensar em ir para casa quando fomos liberados, pensei, não raciocinei.


Clímax

Saindo da escola, que fica perto do Bosque Maia, encontrei alguns colegas que jogam basquete na escola e que estavam indo jogar basquete, mas como ando rápido, acabei chegando lá mais rápido do que eles, e encontrei alguns outros camaradas, e ficamos conversando até os que jogam basquete chegar:

*Um deles, o Caíque, estava jogando bem, também fiz minha parte, fiz várias cestas de três pontos e algumas de dois pontos, é incrível como uma pessoa que tem aptidão para jogar basquete (NEGRO) não é boa em esportes...
*Na tenda azul estava tendo uma aula de dança, sabe, aquelas com colchonetes e calças lycras? Exato!

Joguei basquete, não cansei muito e fui jogar futebol na quadra de cima, fiquei no gol no primeiro jogo, vencemos, no segundo, fui para a linha, perdemos, mas não foi culpa minha – é sério- e quando estou no meio do jogo, chegam os outros colegas de classe.

O Começo da Merda

Como todos já tinham parado de jogar bola, subi o morrinho que dá na pista de skate do bosque, conversei com eles e subimos um pouco mais, nós, os moleques, subimos mais rápido, pegamos um “atalho”, as garotas deram a volta. Lá existe uma espécie de altar circular de madeira, e uma casa no centro, como se fosse um píer, e à medida que vai se dando a volta no “píer” a altura do chão para o altar vai aumentando. Eu exibido, quis mostrar os movimentos do Le Parkour, e já sabiam como era, já tinham assistido “B-13” e etc... Sabendo disso, um colega que não me recordo quem era pergunta:
-Thiago, você consegue passar desta parte?
-Sim! –Eu disse, e ainda dei uma de bonzão: - Tá me zoando?
Realmente, antes quando eu treinava regularmente, eu conseguia fazer isso, fácil, fácil, e mais adrenalina e confiança fazia tudo funcionar, mas desta vez...


A COISA Que Doeu Para Voltar ao Lugar, os Comentários do Hospital e a ALEGRIA de “Pedra Branca” Que Usei Por seis Semanas- Fora Gastos- De Algo Irrelevante Chamado Pulso.

Quando disse para meus colegas que conseguia, eles duvidaram. Como achei que passaria de boa, disse na maior confiança. Antes, cheguei a olhar a altura e vi que era muito alto, diria uns 2,50 ou 3,50 metros no máximo, 4m, eu comigo mesmo disse: “Acho que não vou conseguir, mas fui à base do que se dane (fazer algo, sem se importar com as consequências) e me danei”.

No alto tudo para, e você sabe que vai dar tudo errado, mas você torce, ô se torce!

Fiz o movimento, no alto, olhei para baixo e pensei: Putz! Vou me machucar, parecia até que eu sabia o que iria acontecer, uma luxação, mas o buraco foi mais embaixo. Quando não se tem a prática, o hábito, não se sabe o que fazer, e dificilmente tem como pensar em algo instantâneo, somente o que irá fazer para não se machucar, geralmente é chamado de instinto. A ideia do movimento speed, é que se estiver em velocidade, é você deixar seu corpo em posição horizontal ao passar pelo obstáculo, e se estiver fazendo o movimento de um lugar alto para baixo, logo após o movimento, ficar em posição vertical e fazer o rolamento, para amortecer o impacto. Fiz só o movimento, não fiz o resto, e como já disse, sem prática, sem hábito, não tem jeito, você vai se complicar. Minha mão não se agrupou ao corpo e tudo aconteceu muito rápido...
Caí e levantei instantaneamente, dei um sorriso e acenei com os braços como um sinal de que tudo estava bem, mas eu sabia que não estava. Subi o morro e olhei para meu braço, achei que tinha sido uma luxação, mas foi mais complicado, FRATURA NO PULSO, é isso mesmo. Peso uns 54 kg em uma velocidade média de 15 km/h numa altura em queda livre de uns 2,50 metros, imagine a força do impacto! Meu pulso ficou totalmente deslocado, ele foi para baixo, em cima dos meus tendões, quase não conseguia mexer os meus dedos, parecia que estava esmagando-os, improvisei uma tipoia com minha camisa da escola, mas começava a incomodar, e havia um grupo de pessoas jogando UNO (o jogo que todo mundo joga) e reconheci um rosto, ela tinha estudado na mesma escola que eu havia estudado, só que em outra sala. Tá, mas e daí?

*A sorte foi que machuquei meu braço direito. Sendo canhoto, não tinha nenhum problema, mas as aparências enganam, e ainda mais quando você não percebe involuntariamente que sempre usa os dois braços para fazer quase tudo.

Quando vi que não estava nada bem, decidi ir ao hospital (minha mãe só iria descobrir ao chegar em casa).
Fui sozinho para o ponto de ônibus, e até lá, é uma longa caminhada, e quando cheguei, esperei por mais um tempo até o ônibus chegar, quando fiz o sinal, ao abrir a porta perguntei:
-Oi, eu machuquei o meu braço, posso entrar sem camisa no ônibus? (Detalhe: eu tinha que manter o meu braço no alto, e só tinha a camisa, não tive escolha).

-NÃO!- Disse o motorista.

Talvez ele tenha dito aquilo por achar que era brincadeira, mas nunca vi alguém sem camisa no ônibus. Erro meu.
Esse ônibus partiu em sua viagem e eu permaneci no ponto. Eu tive que colocar a camisa porque não iriam permitir que eu entrasse em nenhum ônibus daquele jeito. E assim, começou a batalha. Sem urrar uma única vez de dor, passei meu inchado pulso pela manga da camisa. Feita esta parte, como irei sustenta-lo no alto? Foi tudo muito estranho, mas enfim, o ônibus chegou, e por sorte minha, estava vazio.
Enquanto estava no ônibus, só olhava para o meu braço e para a rua para ver quanto faltava para chegar ao Stella Maris (fui besta, em vez de ir ao HMU, que era mais perto, fui do centro da cidade até o Itapegica, foi o que a recepcionista do S.Maris disse quando eu cheguei, mas eu não sabia qual era mais perto e na hora que me machuquei, nem pensei em outro hospital...) e quando chegasse lá, se iria pegar fila, se iria doer para colocar de volta o meu pulso no lugar. Meu braço estava muito inchado, estava horrível...

Chegando no hospital, sem querer, fui à ala particular, e eles logo me informaram que eu deveria ir à ala do SUS (Sistema Único de Saúde). Chegando lá, como tinha o cartão do ônibus com o meu R.G. gravado nele consegui ser atendido. Até aí, tudo bem, o problema foi que cheguei ao meio-dia, horário de almoço, tive que esperar. Esperei por quase duas horas, o sangue já tinha esfriado, (um dos fatos positivos nessa história, se é que tem um, foi que eu estava praticando um esporte, estava com a adrenalina a mil, com o sangue quente, costumo dizer que se eu estivesse em casa, e tivesse escorregado, causando o mesmo problema, a dor seria muito pior na hora) já estava começando a doer muito, queria descansar na sala de espera, tentei usar minha mochila como travesseiro, não deu certo, e ficava assim, tentava dormir, não conseguia e para piorar, aqueles programas sensacionalistas estavam no ar e estavam sendo transmitidos na tv da sala de espera, aqueles que menos me agradam, outra: o ambiente hospitalar não me anima nem um pouco (obviamente), sorte que eu estava na ala de ortopedia e lá não tem pessoas com sérios danos e etc... Traduzindo: não estava dando nada certo.
Quando finalmente fui atendido, o médico pediu para eu fazer um exame de raio-x na sala do outro lado do corredor, e antes de ir perguntei:

-Terei de colocar de volta no lugar?
-CLARO!!! (Ele não falou assim, só coloquei dessa forma para expressar a minha ignorância a cerca de ossos fora do lugar)

Você pode achar BURRICE minha, mas tenho pavor de raio-x! Isso que dá assistir muito filme de guerra, aquela coisa da radiação, que é verdade. O operador de raio-x tem mais cobertura em planos de saúde, mais benefícios, porque está sempre exposto a radiação, nada que o próprio op. de raio-x não soubesse. Mas resenha aqui e acolá, você não faz ideia do que eu fiz na sala, quando eu coloquei o meu braço na mesa ele disse para eu não me mexer, e eu disse do meu medo de radiação e toda a história citada acima e ele dispara:

-Você tem chumbo aí?
-O QUE!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!

Eu até comecei a procurar nos meus bolsos, mas não foi nada racional, achando que se eu tivesse chumbo, metade da cidade iria desaparecer... Como fui idiota!

Simples, se eu estivesse com chumbo, o raio não atravessaria!
A mesa do raio-x é revestida com chumbo para que só a parte do seu corpo desejada seja vista. Outra forma de explicar:

Se você já assistiu “Indiana Jones e o Templo da Caveira de Cristal”, quando Indiana percebe que está em uma cidade teste para bombas nucleares e um novo teste será feito, ele entra em uma geladeira revestida com chumbo! E ele sobrevive!!!

Deixando de lado o lado cinéfilo, e voltando a minha história...

Ele falou para eu não me mexer, e eu tenho certeza que fiz a alegria do cara para o resto do dia com o que fiz na sala...
Quando ele entrou em sua “salinha” e eu ouvi o barulho da máquina, entrei em choque! Eu, com o meu braço inchado em cima da mesa, me agachei, coloquei a outra mão no meu rosto para cobrir os meus olhos e mordi os lábios (tudo muito tosco, como o próprio narrador) e tudo isso aconteceu em menos de 3 segundos. Ele sai de sua sala e diz no maior tom profissional:

-Ok, agora, espere lá fora que eu já te entrego.
-Tá bom!

Quando recebi a chapa, levei ao médico, e só de bater o olho, já me pediu para ir a sala de gesso, que ficava em frente a sua sala. Naquela hora não pensava em mais nada, só na dor que eu ia sentir mais tarde, e como eles iam colocar de volta antes de engessar, perguntei desesperadamente se iria ter anestesia, ele, para minha felicidade momentânea, confirmou, mas logo disse que não iria fazer diferença pois eu iria sentir dor de qualquer jeito, e então pedi:
-Me dê anestesia geral!!!

Ninguém atendeu ao meu desejo.

Quando fui falar com as enfermeiras, uma delas me disse que seria a primeira vez que fizera isso. Como assim?!?! Tá querendo que eu sofra ainda mais?
E para piorar (se tem mais como), eu estava com medo até da injeção anestésica, mas teve que acontecer, e antes do “golpe fatal”, ele perguntou o motivo desta visita indesejável para todos ali naquela sala, disse da greve, do truco, da escapada para o Bosque Maia e do Le Parkour, mas ninguém sabia que esporte era esse, e expliquei que não era um esporte, era a arte do movimento, e eles já disseram:

-É, olha a arte aí!!!

E finalmente começou, a enfermeira segurou meu braço erroneamente duas vezes (não sei se era a novata ou a experiente), o médico a alertou, e ele foi puxando, doeu demais, e quando terminou, o gesso foi colocado até um pouco antes do cotovelo para ser feita outra visita ao raio-x e se fosse constatado na nova chapa que não voltou ao lugar, teria que remover o gesso e fazer tudo outra vez, mas felizmente, estava no lugar certo, e aí tive que colocar o gesso até quase perto do ombro, e outra, para o reposicionamento do meu pulso, tive que ficar quatro semanas (um mês) com o pulso “desmunhecado”, o médico chegou a falar disso na hora em que estava colocando o pulso no lugar, mas com razão, nem liguei na hora...

*Gritei tanto que quando fui embora, todos que estavam na ala ortopédica pensaram que estavam me matando na sala do gesso, até que perguntei para as recepcionistas se elas tinham escutado:
-Ouviram os meus gritos?
-Sim!!!- Todas responderam.

Com o raio-x na mão, o médico me receitou um anti-inflamatório e retorno em uma semana (detalhe, quando um retorno é requisitado, primeiro, você precisa ir a um posto de saúde, onde as filas são imensas e a má vontade predomina, marcar esta consulta, quem me dera apenas ir até o hospital e fim da história, mas isso já é outro assunto...).


A Reação da Minha Mãe

Cheguei em casa por volta das 15h e nem liguei para minha mãe para não a deixar preocupada, fui até a farmácia pedir o remédio, porém depois fui ao posto de saúde (tentando levar de graça) e lá tem aquele sistema de senhas que se puxa o número e espera ser chamado, tive que ser ajudado, pois naquele momento tudo parecia impossível de se fazer, e lá não tem anti-inflamatório (como o médico tinha me avisado), então voltei à farmácia e comprei o bendito remédio. Tomei banho com um saco plástico, com o maior cuidado possível para não entrar água dento do gesso. Neste dia, usei tipoia o dia inteiro.


Barulho do Portão Abrindo, Chegou a Hora!

Sem enrolar (só um pouco) abri a porta, ela que estava brincando com o nosso cachorro, Pingo, sorrindo apesar de mais um dia cansativo de trabalho, mas quando me viu na porta de casa “engessadamente sorridente” dizendo OI, “fechou a cara” na hora e de tão brava, queria engessar o outro braço também, e essa coisa de sexto sentido maternal é complicado não é? Ela te avisa, você não ouve, até se dar mal, e ela já tinha cansado de me alertar sobre o esporte que eu praticava:

-Eu não te disse que isso iria acontecer?

No momento de raiva ela queria me deixar de castigo do mundo, que eu não fizesse mais nada, que isso fosse servir de punição, mas tem como você prever que vai se machucar?
Depois que ela relaxou, disse para ela que isso acontece, e que conhecia pessoas que já haviam quebrado o mesmo braço várias vezes e que estão aí... Com toda a loucura inicial passada, e com um gesso intacto e todo claro, só tinha uma coisa em mente:


Assinaturas!


Foi insano. Desde a primeira vez que vi um gesso assinado, foi uma obsessão para a primeira vez que fosse engessado, ter o braço repleto de nomes, desenhos, e desejos de melhora. Tanto, que no meio da rua quando alguém comentava, eu sugeria a assinatura, todos que passavam por mim olhavam para o meu braço como se fosse um muro cheio de “pichações”! Gostando ou não, era destaque.


Evoluindo “Engessadamente”

Com o tempo, conseguia fazer quase tudo com os dois braços, jogar videogame, (aliás, no segundo dia engessado, tentei jogar Guitar Hero 3, no nível HARD, doeu um pouco, até me dá aflição em lembrar) fatiar alimentos, mexer no computador, e outras coisas... Bom quase tudo que eu achava importante.

Um Mês Depois...


A partir do 3º dia engessado, não andava mais com a tipoia, e por incrível que pareça, estava me acostumando com o gesso (o segredo é você não coçar o braço! Se você coça, não vai parar mais, você pode até dar uma coçada de leve, para relaxar um pouco, mas sua pele vai dizer: - Continua vai. Você não tá gostando? E isso nunca vai parar. Até você abrir uma ferida na sua pele, e causar uma infecção, e aí a merda vai ser pior. Tá coçando? Não tem problema. Se concentra em outra coisa, leia um livro.), e no 30º dia, era a hora da troca para o gesso reto para agora que o problema foi resolvido, deixar o meu pulso em sua posição normal. Mas eu iria deixar o “meu lindo gesso assinado” lá no hospital, isso me deixou triste. Por mim, colocaria em um quadro. Que papo de pessoa solitária, não?

A Troca de Gesso: Momento “Jogos Mortais”
Eu marquei uma consulta para a quinta-feira (30º dia de gesso), às 12h00min, eu estava na escola nesse horário (a partir do dia em que me machuquei, ficamos um pouco mais de duas semanas sem ter aula por causa da greve. Tanto que uma das minhas colegas de classe que estava no dia em que me lesionei no B. Maia, estranhou quando me viu com a metade do braço com gesso, até que eu tive de relembrá-la). Minha mãe me buscou, fomos muito rápido, mas em que tivemos de vantagem no caminho, tivemos de desvantagem no hospital. Após algumas “opinadas” de minha mãe, até que as coisas aceleraram. E quando fui à sala do médico, ele me disse que eu já citei um pouco mais acima, que eu iria usar um gesso reto, até o fim do antebraço, perto do cotovelo, até aí, nada de mais, porém, na hora da troca de gesso...


Vrummmmmmmmmmmmprprprprprprprprprprprprprp


Eu sempre soube que iria ser com uma “serrinha”, mas saber é uma coisa, acontecer com você é uma coisa totalmente diferente. Quando a enfermeira começou a remoção, eu a avisei que não tinha gesso em uma parte. Acho que ficou mole em função da água que entrara por dentro, pelo que vi, ela entendeu a mensagem. Entendeu, quase não compreendeu.
Ela começou de cima para baixo, do ombro até o pulso, ela quase passou a serra na parte que eu tinha dito que não existia gesso. E na sala, tudo ficava branco, resultado do pó que o gesso soltava. Meu gesso, tão bonito, se é que um gesso pode ser bonito, cheio de assinaturas, de todos os tipos de pessoas, (só lembro-me de uma pessoa que se recusou a assinar) e não estava fedendo, mas também é claro que minha mãe não iria me deixar leva-lo para casa. Ao final da remoção, a enfermeira o joga no lixo, sem nenhum remorso, como se não existisse memória naquele pedaço branco usado para fins ortopédicos... Deixado o momento melancólico de lado, vamos voltar ao subtítulo.

Durante a remoção, eu sentia que ela estava a poucos centímetros da minha pele, e eu me afastava, ela pedia para eu parar de me mexer, até que uma hora ela disse:

- Se você ir para trás, eu posso cortar o seu braço! (Essa equipe médica do Stella Maris, não deixa de pregar peças em mim).

Porque o momento “Jogos Mortais”? Na mesma semana, eu assisti as sequências 4 e 5 no mesmo dia, um atrás do outro. Imagine o grau de medo do jovem que vós escreveis?

Eu querendo que acabe logo, e a enfermeira superrelaxada. Quando a serrinha encontrou a parte fraturada, senti um grande aperto, e naquela hora, eu tive certeza de que um pouco mais, eu não teria mais a mão direita, eu estava aterrorizado, e minha mãe quase dando risada da minha cara, como se fosse um jeito de aprender a não fazer mais merda. Essa foi uma das poucas vezes em que fiquei totalmente assustado em fazer alguma coisa.


Novo Gesso, Porém, Frio Como um Cubo de Gelo.

Um pouco antes de o novo gesso ser colocado, tive a chance de ver como meu braço estava. Muito estranho, fino, enrugado, e pesado, não conseguia sustenta-lo no alto. Tentava, mas era em vão. Meu pulso desmunhecado, tudo muito anormal, como deveria ser. E ao colocar o novo gesso, foi como aprender a andar de bicicleta, tudo muito devagar, aos poucos meu pulso estava em posição normal. Senti-me mais leve. Naquele dia fazia frio, e com isso, meu braço parecia um bloco de gelo.
O gesso era pesado, eu ganhei uma nova tipoia do hospital, a outra que ganhei da primeira vez, já tinha dado fim nela há tempos. Eu queria ficar fashion, peguei aqueles cintos de pano que só servem para fechar casacos, peguei de um que minha mãe nem usava e utilizei como tipoia, ela era mais flexível e confortável do que a tipoia do hospital, isso quando eu a usava. Gostava da liberdade com o meu braço, e isso não me causou mal algum.

Com o gesso novo, quis criar uma regra de que ninguém assinaria esse novo gesso. Mas no dia seguinte na escola, não resisti. Todos que tiveram a oportunidade assinaram. E seria assim por mais 14 dias. E durante este tempo teria que ir ao posto, pegar fila e depois no hospital, pegar mais fila, para passar pela serrinha outra vez? Não! Se é só remover, por que não posso fazer isso sozinho?

Passados os dias, não via a hora de chegar a segunda quinta-feira após a colocada do meu novo gesso. Quando chegou, eu pensei: É só tirar não é? Eu não vou até o posto marcar consulta para passa por tudo aquilo outra vez (serrinha, Jogos Mortais, espera e etc...).
Pensando desta maneira, tive uma decisão teoricamente esperta, mas ousada: Irei remover o gesso na escola! E se você quer fazer o mesmo quando estiver engessado só precisará de:

*Água corrente.
*Tesoura.
*Paciência.
*Despreocupação em se sujar e parecer um mestre de obra, após o final do serviço.
*E um pouco (é claro) de estupidez.

Então lá vou eu, ando pelos corredores do Alice Chuery (minha escola) com uma tesoura, um braço livre, e outro pronto para finalizar sua dívida com a lesão. André, outro amigo de sala (não o André que estava no Bosque Maia quando me machuquei) me acompanhou até a torneira mais próxima. Chegando à torneira, deixo meu braço embaixo dela e abro-a. Na medida em que meu gesso foi ficando mais maleável, comecei a usar a tesoura, fui puxando algodão, faixas, gaze, entre outras coisas de uso médico. Enquanto isso, os outros alunos passam e me olham como se eu fosse louco, rebelde. Era o meu primeiro ano na escola, começo de ano, não conhecia bastante gente, mas faz parte. Desenrolando a história...
Vou tirando os pedaços aos poucos. A pia da torneira vai ficando toda suja, entupida, impossível de ver o fundo. Sinto um pouco de dor no meu pulso, mas o desejo de me ver livre daquele gesso agia como um analgésico naquele momento.
O tempo passava, o André me ajudou em boa parte do tempo, a torneira ligada, a pia estava quase transbordando. A inspetora do corredor me olhava torto, mas não é todo dia que se vê alguém removendo seu gesso dentro da escola, ainda bem que ela não me proibiu.
Finalmente o braço engessado foi libertado do domínio branco e petrificado do meu gesso! Mas ainda tinha a fisioterapia pelo caminho...

REMOVI O GESSO! Volto pra sala de aula. Feliz como uma criança em parquinho, mostrando para todos a minha realização. Detalhe: Isso aconteceu no primeiro ano do Ensino Médio.
Meu braço parecia uma tábua de madeira, reta, não conseguia mexer minha mão para os lados, se conseguia alguma coisa, movia com muito esforço, mas era melhor não fazer nada, e nesse dia, usei a tipoia para evitar choques no meu pulso.
Mesmo tendo removido o meu gesso na escola, eu precisava de um acompanhamento médico, fui ao mesmo lugar de sempre: STELLA MARIS.
Fiz um exame raio-x e advinha? Ele estava no lugar! Uma ótima notícia! Agora, faltava uma única pergunta antes de me despedir do último lugar que desejaria estar outra vez: E a fisioterapia? Achando que ele iria me recomendar um fisioterapeuta para algumas sessões, ele me diz que não precisa e me recomenda algo bem mais simples:

-Compre uma bolinha.
-Sério? O que eu faço com ela?
-Aperte-a.
-Só?
-E. Fique apertando e ao mesmo tempo tentando movimentar seu pulso para cima, para baixo, para os lados, e tentando girá-lo.
-Então tá! Adeus!

Eu já tinha uma noção de ele iria me dizer isso, só quis colocar uma dramaticidade na narrativa? Espero que tenha conseguido

Comprei a bendita bolinha, igual a aquelas que dizem ser para massagem, mas sempre acabam sendo usadas como um modo de entreter seu cachorro. Tendo o “aparato” em mãos. Fui firme à jornada, apertando, apertando-cima, apertando-baixo, apertando-direita, apertando-esquerda.
E assim por umas boas semanas, meu pulso foi recuperando sua forma natural e bem ao tempo do meu aniversário que é dia 20 de maio. Faça as contas:

Machucado- 11/03/10 quinta-feira, engessado e etc...
Troca de gesso, do virado para a esquerda, coloquei um totalmente reto um mês: 08/04/10 quinta-feira.
Minha própria retirada na escola: 22/04/10. Duas semanas depois
Aniversário: 20/05/10, quase um mês depois (imagine passar o aniversário de 15 anos engessado?).


Acho que as coisas se desenvolveram bem.

Hoje, um ano depois, consigo fazer tudo o que eu fazia antes, talvez ainda com um pouco de dor, ele não dobra 100%, mas por volta de 95% de flexibilidade eu sem dúvida tenho. Mas a vida é assim não é? Temos que arcar com o que fazemos, senão, de que outra forma iremos aprender? Agora, sempre que vou fazer algo “arriscado” sempre penso duas vezes. Não estou dando lição de moral, é um saco. Faça o que quiser da maneira que quiser. Viva intensamente, mas faça a merda valer a pena. Só assim as coisas serão valorizadas, e você, eu, todos nós vamos entender o que é sabedoria.